quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O TEMPO, A ESPERANÇA E AS DESILUSÕES...

O tempo, esse amigo inseparável da nossa vida... O tempo que tudo leva, que tudo traz...

O tempo está levando mais um mês embora e com ele trazendo para mais perto o aniversário de um ano do Pedro.

02 de fevereiro é uma data  muito importante para mim é o dia do nascimento de um filho é o dia que ano após ano será comemorado sua vida, é um dia de festa, de reflexão, de ver o quanto ele cresceu, é um dia de ver renovada a esperança...

A esperança, aquela amiga inseparável da nossa vida... É a esperança que nos garante sanidade nos momentos difíceis da vida...

Esses dias que antecedem o aniversário do Pedro tenho sentido meu coração apertado por lembranças dos primeiros meses de vida dele, do nascimento, da perda de peso, da internação, do diagnóstico de APLV e da esperança de tudo se resolveria... Desilusão!

A desilusão também caminha ao nosso lado mas não sei se a chamaria de amiga... A desilusão doí de mais, machuca, nem sempre o tempo é capaz de cura-lá e ela destrói cruelmente a nossa esperança!

Lembro como se fosse hoje o dia em que recebi o diagnóstico de APLV do Pedro, lembro que calmamente a médica me disse que ele precisaria tomar um leite especial, caro, mas que a boa notícia é que a alergia passaria com 1 ano...

Olhando para trás eu vejo quanta esperança e desilusões essas palavras me trouxeram...

Nesses onze meses de vida do Pedro, aprendi muito sobre a alergia, aprendi especialmente que ela não passa, ela se transforma, melhora ou piora, mas não vem uma fadinha no primeiro aniversário da criança e joga um pó de pirilimpimpim que acaba de vez com essa malvada... Que desilusão!

Com o aprendizado sobre a alergia vieram também os cuidados para que ele pudesse o quanto antes ter uma vida normal, esses cuidados exigiram de mim muitas perdas, entre elas a perda de pessoas queridas que em algum momento tive que excluir da minha vida ou da vida do Pedro pelo simples fato de que não entenderam a gravidade dos cuidados exigidos... Ou ainda, me julgaram por esses cuidados...

Me desiludi mais uma vez, porque eu sempre pensei que quando se falasse de um bebê e dos cuidados necessários qualquer mulher que tivesse passado pela maternidade entenderia mas a maioria das mães me  me acham louca ou neurótica.

Mas em meio ao turbilhão de emoções que a alergia me trouxe houve também gratas surpresas, a surpresa de me reinventar como pessoa, de abrir mão de mim, das minhas vontades pelo simples medo de que um pedaço de bolo ou chocolate em contato com a pele do meu pequeno pudesse desencadear uma reação, a surpresa de conhecer pessoas que convivem com a alergia em seus filhos e que se tornaram confidentes, amigas virtuais, reais, amigas simplesmente.

Aprendi a partilhar o conhecimento que adquiri nesse tempo, a alertar outras mães... Aprendi que médico estuda muito, mas não sabem nada sobre o meu filho, aprendi a desconfiar de diagnósticos, a confiar no meu instinto, a deletar quem não me ama o suficiente, a amar e a esperar...

Esperar...

Que o tempo transforme minha esperança em realização...

Esperar...

Que eu não sofra tantas desilusões, mesmo sabendo que é impossível...

Esperar...

Que o tempo fortaleça tudo de bom, amoleça os corações, transforme as pessoas...

E quem sabe esperar, simplesmente esperar...





quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sacrifícios, reflexões e coisas assim...

Hoje acordei pensando em quantos e quais sacrifícios as pessoas são capazes de fazer por um bebe...

Como é de conhecimento da maioria, Pedro tem alergia alimentar, e muita gente vai falar assim: A mais eu conheço não sei quem que o filho tinha alergia a leite e ela nunca tomou esse cuidado!...Ok, ok...

Um monte de gente nesse mundo tem alergia, alergias diversas, a picada de mosquito, a carne de porco, a leite, a picada de abelha, a abacaxi, etc, etc e etc...

Não estou mesmo falando que meu filho é diferente, melhor ou pior do que o filho de ninguém, mas ele tem alergia alimentar e uma mãe que se informou sobre as causas e consequências, sobre permissões e qualidade de vida, e ainda, uma mãe que morre de medo de ver o filho internado outra vez em um hospital após perder 30% do seu peso quando tinha apenas 15 dias de vida... É amigos, isso me deixou pra lá de traumatizada...

Mas voltando ao sacrifício, conheço mães e menas, pessoas que ficaram dias a arroz e batata para amamentar seus filhos por que não tinham ideia ao que eles tinham alergia, conheço mães que deixaram seu emprego, sua carreira e se tornaram mães de alérgicos, que transformaram-se em cozinheiras, em criadoras e adaptadoras de receitas para alérgicos, mães que ficam horas no facebook ajudando outras mães a encontrar o caminho da estabilidade em seus filhos alérgicos, que ensinam a amamentar em dieta, que ligam para os SAC´s das empresas para confirmar e reconfirmar se o alimento é limpo, é limpo do que (leite, soja, ovos etc), de que forma é feito se o maquinário é compartilhado, higienizado...ufa!

Conheço também famílias e parentes (opa, essa não é uma crítica a minha, ou talvez seja...), famílias que decidem fazer um natal sem lactose (o termo está errado intencionalmente por que essas famílias lindas não sabem de tudo), famílias que preparam doces especiais, que fazem dieta junto com a mãe e bebe, famílias que param de comprar/fazer/comer seus doces prediletos por causa da alergia desses pequenos...

E existe a parentada toda, aquelas pessoas que falam, nossa! Mas ele está tão lindo, já come de tudo né? NÃO!!! Que ficam te perguntando horas sobre como é isso de alergia, e você explica, explica e explica,  meia hora depois você ouve a pessoa te chamar de doida e neurótica. Tem aquelas pessoas que falam que acreditam em tudo que você diz, mas se recusam a lavar a mão para pegar no seu filho, ou falam: acabei de lavar, quando na verdade não acredita em você.

Sabe o sacrifício que eu falei, pois é, aprendi a fazer muitos pelo meu filho, parei de comer pizza, chocolate, bolacha, toda e qualquer substância que tenha leite ou soja não entra na minha casa, passei o natal com meu marido, comemos arroz dormido e um tender por que o peru eu não consegui descongelar, a família foi comemorar todos juntos, longe daqui, eu senti falta, claro, eu os amo muito, mas é o preço que eu pago pela qualidade de vida do meu filho...

No ano novo, meus pais e irmãos vieram pra cá, não estavam alegres, de verdade, senti que o sacrifício foi grande demais para alguns, e não faltou quem comentasse que estava aqui só por causa de mim...Bom, então né, é a família que eu tenho, Deus me deu e eu continuo amando todos eles....

Pedro só tem 11 meses, não sei quanto tempo ainda ele terá alergia, não sei se ele será curado de todas, se de algumas, se de nenhuma, não sei quando a alergia vai passar, melhorar, estabilizar...

Tudo que quero nesse ano novo é que eu me sinta feliz por cada sacrifício que eu fizer por ele, nesse 11 meses não me arrependo de nenhum sacrifício, sei que um dia olharei para tudo o que vivi e falarei com orgulho: VALEU A PENA!!!

Feliz 2013!!!