quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Relato de Parto - João

Eu tive um não parto eletivo, uma cesária com data e hora marcada, eu vivi consequências dessa escolha, e após um tempo refletindo decidi que se um dia eu tivesse outro filho esse nasceria em seu tempo, de parto normal, isso era tudo!

Eu vivi muitas coisas antes de ser mãe, anos de infertilidade, aborto, descrença em Deus e em meu corpo, tudo isso passou, eu me dei a oportunidade de mudar, de pensar diferente de mudar conceitos e pré-conceitos.


Muitas pessoas passaram e deixaram marcas na minha maternagem, e é para elas e por elas que escrevo esse relato, para que saibam que as horas, dias, meses, cada palavra dita não foi em vão, eu PARI e foi lindo, mágico, maravilhoso e sim foi a melhor e mais intensa experiência de toda a minha vida!

Vamos aos fatos, tenho convênio, tenho acesso também aos Iamsp, e larguei tudo, fui pari no SUS, no Hospital M'Boi Mirim, extremo sul de São Paulo, na área mais periférica da cidade, lugar esquecido por Deus, lugar que eu nasci, cresci, casei, trabalho e vivo até hoje!

Logo que engravidei me vi dividia entre gastar o que eu não tinha com um parto dos sonhos, um VBAC (parto vaginal após cesária) em casa, com direito a banheira, doula, parteira, filme, foto, música ambiente, etc ou continuar guardando cada centavo do meu salário para ter a minha tão sonhada casa própria... Veja, eu a meses já tinha aberto mão de pequenos luxos, o orçamento já estava apertado, não dava para apertar mais, já tinhamos vendido o carro também e estávamos pagando um empréstimo pelo compra do terreno, eu teria que parir sem gastar nada e fim!

Fim nada, amigas do grupo de maternidade proporam fazer vaquinha, vender rifa, mas isso não era a minha cara, não acharia justo que as pessoas bancassem algo assim pra mim, pensei, chorei e decidi que não faria.

Eu tinha a opção de ir para o Amparo Maternal, de pagar só uma doula (se eu desejasse mesmo, daria para pagar), mas o Amparo fica longe de casa, seria complicado atravessar a cidade em trabalho de parto no horário de pico, imagina 2h de trânsito em São Paulo? Imagina se estivesse chovendo? Se houvesse um acidente? Se o marido estivesse longe quando fosse a hora de me levar no hospital e eu tivesse que esperar? O M'Boi Mirim fica a 3 quadras de casa, dava para ir a pé até lá e ficar com filho até o marido chegar, aliás, o filho mais velho também foi um fator determinante para a escolha do hospital, estando perto de casa seria mais fácil que meu marido dividisse as atenções entre a mulher;filho mais novo e o filho mais velho!

Ufa, explicações dadas vamos ao Relato!

06/02 - Sexta feira, senti uma vontade imensa de tomar um chá de maça com canela, e junto comer bolinho de chuva, sempre ouvi dizer que canela podia causar contrações, mas que se o bebe não estivesse pronto a canela nunca poderia induzir um parto, atendi meu pedido e fui limpar a casa. As contrações começaram vinham a cada 20 / 30 minutos, achei aquilo muito legal mas desencanei.

07/02 - Sábado, as contrações estavam apertada durante toda a manhã, eu mal conseguia organizar os últimos detalhes para o nascimento do João, lavei algumas coisas, brinquei com o meu filho mais velho, e meio dia entrei em contato com uma amiga Doula Bruna Rubio, começamos a contar as contrações virtualmente, vinham a cada 10 minutos, eu sentia bastante dor, ela me orientou a tomar um buscopam, um banho quente e descansar que pela frequência não era trabalho de parto, eu também descrevi a sensação para ela, eu sentia dor nas costas, que duravam quase 2 minutos e entre uma pontada e outra a dor não passava, ela pediu para eu contar só o tempo que a barriga ficava dura, mas a minha barriga não ficava dura nunca....rs.

Como eu sou uma pessoa bastante teimosa, fui passear com o filho, marido e um casal de amigos, passei a tarde caminhando no parque, sentindo contrações dolorosas com barriga as vezes mole outras dura, minha amiga começou a contar as contrações e elas estavam vindo de 4 em 4 minutos, eu duvidei, falei que não ia contar mais nada, que não estava em trabalho de parto e pronto, parei de avisar quando tinha dor e fui curtir o passeio, depois do parque fomos jantar no shopping e lá comecei a sentir uma dor muito mais forte, vinha como ondas, só que o espaço entre elas era de 20 / 30 minutos. Eu sabia que se eu chegasse cedo no hospital corria o risco de ser internada, ter o parto induzido com soro, e talvez até fosse levada para uma cesária, então vim para casa, tomei banho e fui dormir (e não tomei remédio algum)

08/02 - Acordei por volta das 4h da manhã, postei no grupo do face sobre a dor que eu estava sentindo:

"Meu Deus do céu, ninguém me contou que iria doer tanto as contrações...
Isso pq estão irregulares ainda...
Me expliquem o processo é assim mesmo elas primeiro aumentam de intensidade em relação a dor e depois diminuem/regulam o tempo?"


Recebi ajuda, orientação fiquei conversando, até que lá pelas tantas eu já não aguentava de dor, estava chorando, me jogando no chão e fui para o hospital, lá fui examinada, fizeram cardiotocografia, fizeram toque, me medicaram com buscopam direto na veia, eu dormi, acordei e novo toque, o diagnóstico foi dor nas costas devido ao esforço físico, cansaço e peso.

Buscopam é uma droga muito poderosa, dormi o dia todo do domingo... :)

09 e 10  / 2 - Foram dias normais, trabalhei, limpei a casa, curti o filho mais velho, tive contrações aos montes, dolorosas, com barriga dura, com barriga mole, subi e desci muitas escadas, trabalho em uma escola que tem 4 andares o banheiro fica no ultimo andar, as salas que eu trabalho no primeiro, era subir e descer a cada 50 minutos no máximo...

10/2 - Na noite do dia 10 fui visitar uma tia que voltava de viagem, trazia na bagagem requeijão e biscoito da terrinha, me acabei de comer, eu estava bastante cansada nesse dia, estava com umas contrações bem dolorosas e meio enjoada, por volta das 22h voltei para casa, o enjoo apertou e coloquei tudo para fora, foi um alívio, mas diferente dos vômitos do início da gravidez não quis comer nada depois, como estava sentindo um pouco de dor tomei um buscopam e fui dormir .

11/02 - 0h00 Acordei com a mesma dor que senti na madrugada do dia 08, tomei outro buscopam, mas a dor estava forte demais, acordei o marido e fomos novamente ao hospital, fui atendida logo que cheguei por uma enfermeira que me colocou no cardiotoco, bicho dos infernos, como eu sentia dor naquele negócio, não consegui ficar, eu me mexia toda hora, o aparelho perdia o sinal, enfermeira ficava falando, "precisa ver o coração do bebe, mãezinha fica calma", e eu gritando dizendo que eu não estava em trabalho de parto, que eu estava com dor nas costas, ela teimando que eu estava sim em trabalho de parto, que era assim mesmo... Me levou para a sala do médico, entrei xingando de Deus ao diabo de dor, o médico me deu uma bronca falando que ali não era igreja nem boteco, que era para ficar quieta para ele me examinar, eu me acalmei e falei que estava com muita dor, que precisava de um remédio, que eu não estava em trabalho de parto e sim com dor nas costas, ele fez o toque e enfiou o aminioscópio em mim, falou que eu estava com 3 cm de dilatação que iria fazer a medicação para dor e me examinaria em 2 horas.

Fiquei algum tempo esperando a medicação, com aquela dor insuportável nas costas, fiquei sentada no chão, com a cabeça apoiada em uma cadeira, era assim que me sentia mais confortável, era assim que a dor era mais suportável.

Tomei a medicação, a dor passou, que alívio, a enfermeira me levou para o cardiotoco (que saco esse aparelho) fiquei lá por uns 30 minutos, tentei contar as contrações mas elas não tinham rítmo, dormi, acordei e quando o exame acabou eu voltei para o chão, dessa vez com vontade de ficar de quatro, putz eu estava em um hospital, com chão sujo, mas eu nem liguei, ficava confortável assim, me sentia segura, eu sentia dor, uma dor suportável que aumentava de intensidade de tempos em tempos, mas que não passava nunca.

Umas 2h ou 2h30 da manhã fui chamada por outro médico, dessa vez uma mulher, ela olhou o cardiotoco, fez um toque, mexeu, mexeu e perguntou se minha bolsa tinha estourado, respondi que não que eu soubesse, falou que não estava sentindo o bolsão, chamou a enfermeira que disse que onde eu tinha ficado não estava molhado, terminou o toque e falou que iria me internar pois eu estava com 5 cm de dilatação.

Fui trocar a roupa, avisar o marido, esperar a liberação da "suíte de parto", marido assinar a internação etc, acho que por volta das 4h00 entrei na suíte, é importante falar que o tempo todo eu fiquei no chão, sentada, de quatro e não sei que horas começou mas eu sentia vontade de fazer agachamento ficando de cocoras quando sentia dor, levando bronca de todo mundo que me via, enfermeiras e auxiliares me perguntando o tempo todo o que eu estava fazendo e eu respondendo que estava aliviando a minha dor.

Quando entrei na suíte uma auxiliar entrou, me vendo de cócoras ficou revoltada, falando que eu , estava fazendo agachamento sem orientação, que estava errado etc, eu ignorei e perguntei se eu podia tomar banho, ela disse que não, que ali banho era terapêutico e eu só podia tomar com orientação, eu pedi para chamar meu marido, ela saiu e entrou a Eo, que me mandou subir na cama e parar de fazer agachamento, dizendo que meu filho ia nascer e cair no chão, que ia para a UTI, se eu queria matar ele na hora do parto, eu repetindo sem parar, se ele nasceu eu seguro ele, ele não vai cair no chão, mandou eu subir na cama e me examinou, 8 cm de dilatação, mandou eu ficar deitada de perna fechada e saiu.

Meu marido entrou e eu dei a notícia para ele, fiquei com vontade de continuar agachada, mas achei melhor ficar na cama mesmo, o medo começou a me atormentar nessa hora.

Na cama fiquei de joelhos, abaixada, como com quem está rezando, e quando as dores fortes vinham eu segurava na cabeceira da cama e fazia força, eu OBEDECI as vontades do meu corpo quase o tempo todo, fazia força quando ele pedia, relaxava quando sentia, me mexia, ficava de quatro e acho que isso foi essencial para o meu parto.

Eu subi na cama entre 4h30 e 5h da manhã, e próximo a 5h30 ultima hora que eu consegui ver o relógio que ficava no alto da cabeceira eu senti um "creque" dentro de mim, não sei o que foi, mas eu soube que esse "creque" indicava que o bebe iria nascer, avisei para o marido e pedi para chamar a enfermeira, veio a auxiliar, que pediu para eu deitar de barriga para cima e "olhou" de longe, sem me tocar nem nada e disse, "seu bebe não vai nascer", eu falei que ia sim, que eu estava sentindo, a Eo entrou e resolveu fazer outro toque, "dilatação total, agora espera eu me arrumar que seu bebe vai nascer", começou a se vestir, arrumou a cama, instrumentos etc, eu lá esperando em posição ginecológica, perguntei se eu podia ficar de quatro e ela respondeu que de jeito nenhum, que onde já se viu parir de quatro, eu lá olhando para ela de repente veja uma seringa e uma tesourinha, gritei na hora, "não me corta, nãaaaaoooo me corta".

Foi um momento de tensão, ela começou a falar que se precisasse iria me cortar, eu respondendo que deixasse eu me rasgar toda mas que não era pra me cortar, ela olhou pra mim, olhou para o marido e apelou "olha pai, ela está pedindo, eu não vou cortar, a responsabilidade é dela" ele olhou e respondeu tudo bem, não corta!

A tesoura foi tirada da mesa, levada para longe, eu já tinha orientado o marido que se tentassem me cortar era pra ele impedir.

A Eo falou que o bebe já estava para nascer, que era para fazer força nas contrações, que contrações?
Eu não sentia contração nenhuma, eu sentia dor, vez ou outra, o tempo todo uma dor suportável, mas dores fortes que eu achava que eram as contrações vinham só de vez em quando. Resolvi fazer força a hora que eu sentisse vontade de fazer, e eu sentia muita vontade de fazer, só que nessa hora, na hora da primeira força eu senti muito medo, falei para o marido que eu não queria fazer força, que eu estava com medo...

A Eo falou que não dava pra fazer mais nada, que o bebe já estava saindo e não dava para fazer cesária, que eu tinha que fazer força.

Fiz força, marido ajudou, me incentivando a fazer força, Eo falou para fazer duas forças que a segundo era mais eficiente, eu fazia força, Eo pediu para eu pegar na cabeça dele que já estava nascendo, eu sentia um misto de medo e dor tirei a mão logo, fiquei apavorada!

Tive câimbra na perna esquerda, isso dificultava a força, tive dor no quadril no meio de uma força e quis desistir, em um determinado momento, a pediatra entrou na sala começou a arrumar algumas coisas, marido me incentivando falou: "Faz força Ane, não desiste, você não quer ser cortada, então faz força".

Quando a pediatra ouviu isso começou a resmungar, "isso é coisa do Fantástico (da rede globo), tem que cortar sim, se precisar tem que cortar" eu ouvi e me concentrei na força, morrendo de ódio por dentro, sabendo que não precisava nem da episio nem das críticas, fiz força...

Senti o círculo do fogo, eram 5h59 e eu sabia que estava perto, me enganei, senti o círculo e ele nasceu no mesmo momento, a Eo ajudou, senti ela colocando a mão dentro de mim, me abrindo, não entendi porque ela fez isso,  colocaram ele no meu colo, a emoção tomou conta da sala, marido rindo com cara de bobo, eu chorando, tiraram ele, pesaram, limparam, kit completo, pensei em tentar negociar, mas achei que aquela pediatra que achava que o corte era obrigatório não iria aceitar nada do que eu dissesse.

Enquanto eu olhava boba para minha cria a enfermeira colocou soro e tirou a placenta, eu nem vi, fiquei só uns minutos soro, a Eo me examinou e disse que tinha uma laceração interna que precisava de ponto, perguntei quantos ela disse que pontos internos não eram contados.

Fui para a sala de recuperação com ele no meu colo, coloquei no peito na mesma hora, levei bronca outra vez, me perguntaram quem tinha autorizado a colocar no peito, eu respondi que eu mesma, reclamaram que não tinham meus exames, estavam todos lá, mas como eu não tinha o "cartão do pré natal" preenchido corretamente eles estavam esperando um exame que colheram quando eu dei entrada na internação. (o GO do convênio não quis preencher o cartão do pré natal e quando eu insisti ele fez de qualquer jeito).

E foi assim, rápido, intenso e maravilhoso parir mas...

- A violência emocional foi grande, o que mais me incomodou foram os olhares e palavras atravessadas quando eu obedecia o meu corpo, a ameaça do meu filho nascer e cair no chão foi uma covardia, eu teria sido mais feliz se tivesse parido de cocoras no chão ou de quatro na cama.

- O hospital tem equipamentos, aparelhagens e um quadro enorme na parede explicando posições para alívio de dor, a parte física do hospital tem tudo, absolutamente tudo para que lá seja praticado o parto humanizado, mas a parte humana deixa muito a desejar.

- A hotelaria do hospital é muito diferente de um hospital particular, a comida é horrível e não tem hora certa para chegar, as vezes o almoço vem as 11h outras 13h. Se você chama um enfermeira elas reclamam muito, então se for para lá tem que ir preparada para se virar sozinha no pós parto.

- Pra mim, ter parido lá ajudou muito com o filho mais velho, marido conseguia me ajudar (marido pode ficar das 10h as 21h) dar atenção para o filho e ainda atender alguns clientes, por isso não me arrependo.

- Na internação que durou 57 horas eu não dormi, durante o dia não se via nenhuma enfermeira e nenhum exame era feito, já de madrugada, de hora em hora vinha alguém me acordar para tirar sangue para fazer exame no bebe, as 5 h da manhã acordavam todo mundo para pesar o bebe e logo depois eram todas obrigadas a dar banho no bebe, menos eu, que dizia que quem ia dar banho era o pai, olhares tortos, ameaças e insinuações do tipo: "Ele não vai conseguir colocar o chuveiro na temperatura ideal", Sem contar que reclamavam o tempo todo porque eu dormia com ele na cama e não colocava no bercinho, a fala era sempre a mesma: "Seu filho vai cair e vai para a UTI". Eu ficava muito irritada com todas elas.

- Lá não aceitam doulas, na verdade até daria para a doula ser sua acompanhante no lugar do marido, mas tem que escolher um ou outro.

- Eu não tinha plano de parto, eu sabia dos riscos de ir para lá e sofrer VO, no fim, acho que o que me ajudou foi ter um TP rápido e fácil.

- No tempo de internação fui acompanhada por 6 mulheres diferentes, ou tinham tido cesária ou tinham sofrido uma indução, motivos para as cesárias uma "não teve passagem", outra o "bebe estava pélvico", teve uma com parto normal que teve  kristeller, as induções eram sempre iguais "bolsa rota".


Bom, acho que é isso...

Agora sou mãe de dois e tenho um VBAC... E vamos para as outras batalhas!













quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Relato de Cura - Pedro

Vamos começar este post com um VIVA!

Vamos festejar comendo brigadeiro, doce de leite, iogurtes e sorvetes - Isso se o Pedro resolver gostar de doces! 

A exatos 15 meses, quando Pedro tinha apenas 3 meses, recebi o diagnóstico de APLV (alergia às Proteínas do Leite de Vaca - caseína, albumina e globulina - pois é, não tem nada a ver com lactose).

A exatos 15 meses tive minha vida revirada do avesso, era tanta coisa para aprender, traços, rótulos, palavras que significavam leite, alergia múltipla, reação cruzada, choque anafilático... Ufa! Que desespero, quantas decisões eu deveria tomar:

-Expor ou não a traços
-Expor ou não a vida social e aos riscos de reações inesperadas
 
Isso só para citar alguns exemplos...

Com o tempo fomos encontrando o equilíbrio, vivemos maravilhosamente bem esses meses, o medo nos acompanhava, mas o amor pelo nosso filho era maior do que tudo...

Perdemos festas, escolhemos ficar em casa no natal. 

Nada foi feito com sofrimento ou com a postura de quem está contrariado, apenas aceitamos isso como uma fase necessária ao crescimento e desenvolvimento natural do filho que Deus nos deu, filho alérgico, e ponto!

Decidimos que não teríamos nada com leite em casa, nem soja, também desistimos de comer fora, pizza nem pensar, queijo, requeijão que eu amava, simplesmente não entravam mais em casa.

É importante falar que "talvez" não fosse necessário tanto cuidado, os médicos não chegam a um acordo sobre as reações à traços, tolerância etc... Na dúvida, fizemos o que nos mandava o coração!

Escrevendo este post parece que foi fácil né? Não é, mas a maneira positiva que encaramos tudo tornou doce esse período.

Bom, quando Pedro fez 1 ano, achamos que estava na hora de ouvir a opinião de um médico particular, apenar do convênio que pagamos desde que o Pedro nasceu as consultas de 5 minutos sempre deixavam dúvidas e mais dúvidas sem respostas e então fomos pela primeira vez na Dra. Maraci Rodriguês, uma gastro conceituada, e super indicada por outras mães de alérgicos.

Na primeira em fevereiro/13 ela queria trocar a fórmula de aminoácidos (Aa) pela fórmula hidrolisada, apesar de confiar muito nela eu ainda não me sentia preparada para a descida do leite, conversamos muito, eu me sentia temerosa por possíveis reações, saí de lá com a indicação de mais 3 meses da fórmula de Aa.

Foi uma sábia decisão a minha foram 3 meses de viroses atrás de viroses, uma infecção na garganta que ele "pegou" da prima e para completar uma infecção por rotavírus, Deus não permitiu que testasse o leite naquele momento, se eu tivesse feito associaria tudo isso ao leite e nunca a coisas de criança!

Em maio nova consulta, desta vez estava em crise de broncoespasmos, foi indicado trocar a medicação de controle para um medicamento mais forte, com a crise nem pensar em trocar de leite. 

Eu voltei para casa bem desanimada e marquei retorno com a pneumologista, essa crise de broncoespasmo ele só tinha tido antes dos 6 meses quando começamos o controle de asma, foram 8 meses sem crise e foram também 8 meses onde as gatas que eu criava ficaram na casa da minha irma... Hum, coincidentemente foi as gatas voltarem para casa para que ele tivesse crise, 1 mês com as gatas, 1 mês com crises, as gatas saíram e as crises sumiram! 

Alergia a Gatos detectada! Mudamos as gatas de casa, agora vivem no escritório do marido, já são 4 meses sem crise e sem medicação!

Bom, após a consulta com a pneumo e a conclusão que os broncoespasmos eram reações às gatas, resolvemos liberar o leite...

Isso foi em junho, festa junina, e o contato com traços na festa, comeu a comida da casa da tia Glícia, o frango da casa da tia Valda e tudo bem...

Passou a comer a comida da vovó Luzia, da vovó Solange, da Bisa Vó Dete e comida de restaurante... (quase 2 mês de testes)

Tudo certo, nenhuma reação com traços, nova consulta e resolvemos trocar a fórmula de Aa pela fórmula hidrolisada...

Foi no começo de agosto isso, a troca das fórmulas foi gradual, 1 medida a aumentada a cada 3 dias, até que tomava a mamadeira inteira de hidrolisado.

Em set
embro começamos a testar o leite em preparados (tomei coragem depois que a Dra. falou que quem não reage a traços está curado). Pedro comeu pães, bolos e biscoitos com leite por umas 2 semanas, nada de reação, então eu comecei a ter coragem de dar leite puro para ele, era um sonho para o qual estava me preparando....

Então no dia 5 de outubro Pedro tomou leite pela primeira vez desde o diagnóstico de APLV... Foi no susto, eu saí com o Marcelo por 3 horas, deixamos ele com minha mãe e irmã, Pedro pediu "dedera" e ela fez com o leite ao invés de fazer com a fórmula hidrolisada...

Foram 2 dias tensos, esperamos reações, uma diarreia pelo menos, mas ele não teve nada, absolutamente nada!

Como a alergia do Pedro não é mediada, resolvemos esperar e ir oferecendo leite, iogurtes, sorvetes, ele tem tomado leite a 18 dias e não teve nenhuma reação...

Oferecemos iogurte e sorvete que ele prova e não aceita, acredito que seja por conta do açúcar que ele não está acostumado, ou por causa da textura que ele nunca gostou.

Ontem oferecemos queijo para ele, comeu, gostou e pediu mais...

Considero Pedro curado, voltaremos no médico apenas em dezembro quando finalmente iremos receber alta, até lá estou aceitando convites para comer tudo que tenha leite na casa dos amigos e parentes, Pedro precisa conhecer novos sabores e eu preciso recuperar os 20kg perdidos desde que comecei a fazer a dieta dele....

Fim...

Ops, ainda tem os agradecimentos:

Gostaria de agradecer a todas as meninas do grupo GPM:
Amigas virtuais que me apoiaram desde a gravidez, que me ouviram quando não consegui amamentar o Pedro, que me orientaram quando descobri a alergia, um abraço forte para a Dani Souza e Aretha Guimarães que tiveram filhos APLV antes de mim e me orientaram no início da caminhada.

Gostaria de agradecer também aos grupos MFAL e Amigas da Alergia, pelo apoio, receitas, oportunidade de aprender, ajudar e ser ajudada.

Quero que saibam que não vou citar nomes, são mais de 100 pessoas, que eu guardo no meu coração, que aprendi a gostar e respeitar...

Obrigada à minha família e amigos, pela compreensão da minha ausência, por me amarem e por ouvir tanto eu falar sobre alergia...hahaha

E Deus obrigada pela alergia do Pedro,  por todo aprendizado, pela oportunidade de crescer, de aprender com a alergia, e por tudo de bom que a alergia trouxe para a minha vida!



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Caminho da Cura - Primeiros Passos


De repente sinto uma vontade tremenda de começar a escrever sobre a cura da APLV do Pedro.

Refleti muito em como começar esse post e decidi começar pelo que eu acredito que seja o começo da cura: A DIETA RESTRITIVA.

Você pode pesquisar artigos médicos e consensos sobre alergia alimentar de qualquer pais do mundo e todos serão unanimes em dizer que para  APLV o único e seguro tratamento é a dieta de exclusão, essa dieta consiste em excluir da alimentação e da vida da criança alérgica tudo que tenha leite de vaca.

Não é simplesmente deixar de beber leite, é deixar para fora da vida da família (sim da família toda) tudo que seja feito com leite de vaca, tudo que tenha os mínimos traços de leite de vaca (produtos feitos em maquinário compartilhado)m é parar de consumir e ter contato com leite de vaca.

Minha experiência e andanças pelo mundo da alergia, o contato com outras famílias alérgicas me diz que uma dieta bem feita, sem furos, sem traços só é possível com a família toda acompanhando.

 Imagina a situação:  alguém da sua casa está saindo com pressa, tem um pedaço de queijo na geladeira, rapidamente ele pega uma faca, corta o queijo, come e deixa a faca encima da pia, outra pessoa com pressa, pega a faca e lava com uma bucha que está separada mas na pressa essa pessoa nem sabe qual a diferença entre aquelas buchas que estão lá, só que a pessoa lavou a faca com a bucha que você usa para lavar o prato do bebe... Pronto! Todos os meses de dieta foram por água abaixo, um bebe com reação está chorando, você não sabe o que foi, você fica dias tentando achar um culpado, você troca até a marca do arroz, surta, chora e nunca vai imaginar que traços daquele queijo dentro da geladeira foi parar no prato plástico do seu filho!

Esses e outros acidentes acontecem o tempo todo! É impossível evitar ao menos que você seja uma super mulher, que consiga controlar tudo dentro da sua casa e que tenha a sua volta pessoas muito atentas a tudo... Aqui não deu certo, estou longe de ser uma super mulher, logo, nada de leite aqui por longos 12 meses!

Ninguém morreu!

:)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Inclusão



Amigas, gostaria de deixar aqui a minha impressão como educadora...
Uma reflexão sobre justiça e igualdade...
Quando pensamos nos nossos filhos na escola, queremos que eles sejam tratados com justiça ou com igualdade?
E qual é mesmo a diferença entre justiça e igualdade? Por que não podemos ter os dois ao mesmo tempo?
Por que a inclusão dos nossos filhos na escola nos coloca na situação de escolher entre a justiça e a igualdade?
Estou enrolando mas vou explicar...
A primeira imagem mostra justiça não é mesmo? Todos estão sendo tratados como igual, tem direito de receber um caixote e o recebem... Justiça? Isso não é justiça! Isso é igualdade, estamos tratando todos igualmente, sem analisar o indivíduo e suas característica...
Nessa imagem, as três crianças tem um objetivo, que só é atendido na segunda figura, o objetivo é ver além do muro...
Ser justo é dar oportunidade para que todos atinjam os objetivos propostos!
Quais seriam esses objetivos quando falamos de escola?
1. Viver em sociedade
2. Aprender a respeitar as diferenças
3. Fazer amigos
4. Participar de atividades coletivas
5. Ganhar habilidades e desenvolver competências

Excluir o aluno na hora da refeição fere os objetivos escolares, excluir é abrir uma porta para transtornos sociais (timidez, vergonha, bullying, ansiedade), atrapalha o desenvolvimentos das habilidades e competências, do fazer amigos, do viver em sociedade, atrapalha a compreensão do respeitar as diferenças.

Todos perdem, o alérgico perde, os alunos perdem, a escola como um todo deixa de evoluir, de transcender... Enfim, temos perdas diversas e nenhum ganho!

Claro que como mães queremos proteger nossos filhos, evitar reações alérgicas é evitar sofrimentos físicos, mas superproteger é causar sofrimentos na alma, esse não passa com a idade, esse pode deixar marcas eternas... Não é isso que nós desejamos!

As crianças no ambiente escolar não possuem ainda a competência de sozinha se impor, de exigir que sejam tratadas com justiça, no ambiente escolar a criança é a parte frágil...

Sendo frágil ela precisa ser tratada como tal, o ambiente precisa ser preparado para ela, as pessoas ao redor precisam estar preparadas para acolhê-las e acolhê-las é diferente de protegê-las.

Uma criança com alergia alimentar ou com qualquer outra restrição física, motora ou mental precisa de inclusão no ambiente escolar, e ser incluído é ser tratado corretamente diante de suas necessidades por TODOS, alunos, professores e equipe gestora.

Isso significa no caso da alergia em cuidados que vão desde limpar a mesa utilizada pela criança a conscientizar todos os alunos da necessidade de não dividir o lanche, cuidar para que a criança perceba que ela é diferente, assim como todos são, afinal não somos mesmo iguais não é mesmo?

E para completar gostaria de refletir com vocês sobre alguns pontos:

1. Do que adianta uma criança ir à escola se ficar isolado dos demais?
2. Por que ir a escola se lá não será possível aprender a respeitar as diferenças?
3. É útil ir a escola se lá não tivermos amigos que nos acolham?

Na escola não é diferente da nossa casa, lá a hora da refeição é a hora de estar com os nossos, de brincar, de falar bobagens, de rir... Ir para a escola e não participar disso é como ser castigado e ter que jantar no quarto por que fez algo errado...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O TEMPO, A ESPERANÇA E AS DESILUSÕES...

O tempo, esse amigo inseparável da nossa vida... O tempo que tudo leva, que tudo traz...

O tempo está levando mais um mês embora e com ele trazendo para mais perto o aniversário de um ano do Pedro.

02 de fevereiro é uma data  muito importante para mim é o dia do nascimento de um filho é o dia que ano após ano será comemorado sua vida, é um dia de festa, de reflexão, de ver o quanto ele cresceu, é um dia de ver renovada a esperança...

A esperança, aquela amiga inseparável da nossa vida... É a esperança que nos garante sanidade nos momentos difíceis da vida...

Esses dias que antecedem o aniversário do Pedro tenho sentido meu coração apertado por lembranças dos primeiros meses de vida dele, do nascimento, da perda de peso, da internação, do diagnóstico de APLV e da esperança de tudo se resolveria... Desilusão!

A desilusão também caminha ao nosso lado mas não sei se a chamaria de amiga... A desilusão doí de mais, machuca, nem sempre o tempo é capaz de cura-lá e ela destrói cruelmente a nossa esperança!

Lembro como se fosse hoje o dia em que recebi o diagnóstico de APLV do Pedro, lembro que calmamente a médica me disse que ele precisaria tomar um leite especial, caro, mas que a boa notícia é que a alergia passaria com 1 ano...

Olhando para trás eu vejo quanta esperança e desilusões essas palavras me trouxeram...

Nesses onze meses de vida do Pedro, aprendi muito sobre a alergia, aprendi especialmente que ela não passa, ela se transforma, melhora ou piora, mas não vem uma fadinha no primeiro aniversário da criança e joga um pó de pirilimpimpim que acaba de vez com essa malvada... Que desilusão!

Com o aprendizado sobre a alergia vieram também os cuidados para que ele pudesse o quanto antes ter uma vida normal, esses cuidados exigiram de mim muitas perdas, entre elas a perda de pessoas queridas que em algum momento tive que excluir da minha vida ou da vida do Pedro pelo simples fato de que não entenderam a gravidade dos cuidados exigidos... Ou ainda, me julgaram por esses cuidados...

Me desiludi mais uma vez, porque eu sempre pensei que quando se falasse de um bebê e dos cuidados necessários qualquer mulher que tivesse passado pela maternidade entenderia mas a maioria das mães me  me acham louca ou neurótica.

Mas em meio ao turbilhão de emoções que a alergia me trouxe houve também gratas surpresas, a surpresa de me reinventar como pessoa, de abrir mão de mim, das minhas vontades pelo simples medo de que um pedaço de bolo ou chocolate em contato com a pele do meu pequeno pudesse desencadear uma reação, a surpresa de conhecer pessoas que convivem com a alergia em seus filhos e que se tornaram confidentes, amigas virtuais, reais, amigas simplesmente.

Aprendi a partilhar o conhecimento que adquiri nesse tempo, a alertar outras mães... Aprendi que médico estuda muito, mas não sabem nada sobre o meu filho, aprendi a desconfiar de diagnósticos, a confiar no meu instinto, a deletar quem não me ama o suficiente, a amar e a esperar...

Esperar...

Que o tempo transforme minha esperança em realização...

Esperar...

Que eu não sofra tantas desilusões, mesmo sabendo que é impossível...

Esperar...

Que o tempo fortaleça tudo de bom, amoleça os corações, transforme as pessoas...

E quem sabe esperar, simplesmente esperar...





quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sacrifícios, reflexões e coisas assim...

Hoje acordei pensando em quantos e quais sacrifícios as pessoas são capazes de fazer por um bebe...

Como é de conhecimento da maioria, Pedro tem alergia alimentar, e muita gente vai falar assim: A mais eu conheço não sei quem que o filho tinha alergia a leite e ela nunca tomou esse cuidado!...Ok, ok...

Um monte de gente nesse mundo tem alergia, alergias diversas, a picada de mosquito, a carne de porco, a leite, a picada de abelha, a abacaxi, etc, etc e etc...

Não estou mesmo falando que meu filho é diferente, melhor ou pior do que o filho de ninguém, mas ele tem alergia alimentar e uma mãe que se informou sobre as causas e consequências, sobre permissões e qualidade de vida, e ainda, uma mãe que morre de medo de ver o filho internado outra vez em um hospital após perder 30% do seu peso quando tinha apenas 15 dias de vida... É amigos, isso me deixou pra lá de traumatizada...

Mas voltando ao sacrifício, conheço mães e menas, pessoas que ficaram dias a arroz e batata para amamentar seus filhos por que não tinham ideia ao que eles tinham alergia, conheço mães que deixaram seu emprego, sua carreira e se tornaram mães de alérgicos, que transformaram-se em cozinheiras, em criadoras e adaptadoras de receitas para alérgicos, mães que ficam horas no facebook ajudando outras mães a encontrar o caminho da estabilidade em seus filhos alérgicos, que ensinam a amamentar em dieta, que ligam para os SAC´s das empresas para confirmar e reconfirmar se o alimento é limpo, é limpo do que (leite, soja, ovos etc), de que forma é feito se o maquinário é compartilhado, higienizado...ufa!

Conheço também famílias e parentes (opa, essa não é uma crítica a minha, ou talvez seja...), famílias que decidem fazer um natal sem lactose (o termo está errado intencionalmente por que essas famílias lindas não sabem de tudo), famílias que preparam doces especiais, que fazem dieta junto com a mãe e bebe, famílias que param de comprar/fazer/comer seus doces prediletos por causa da alergia desses pequenos...

E existe a parentada toda, aquelas pessoas que falam, nossa! Mas ele está tão lindo, já come de tudo né? NÃO!!! Que ficam te perguntando horas sobre como é isso de alergia, e você explica, explica e explica,  meia hora depois você ouve a pessoa te chamar de doida e neurótica. Tem aquelas pessoas que falam que acreditam em tudo que você diz, mas se recusam a lavar a mão para pegar no seu filho, ou falam: acabei de lavar, quando na verdade não acredita em você.

Sabe o sacrifício que eu falei, pois é, aprendi a fazer muitos pelo meu filho, parei de comer pizza, chocolate, bolacha, toda e qualquer substância que tenha leite ou soja não entra na minha casa, passei o natal com meu marido, comemos arroz dormido e um tender por que o peru eu não consegui descongelar, a família foi comemorar todos juntos, longe daqui, eu senti falta, claro, eu os amo muito, mas é o preço que eu pago pela qualidade de vida do meu filho...

No ano novo, meus pais e irmãos vieram pra cá, não estavam alegres, de verdade, senti que o sacrifício foi grande demais para alguns, e não faltou quem comentasse que estava aqui só por causa de mim...Bom, então né, é a família que eu tenho, Deus me deu e eu continuo amando todos eles....

Pedro só tem 11 meses, não sei quanto tempo ainda ele terá alergia, não sei se ele será curado de todas, se de algumas, se de nenhuma, não sei quando a alergia vai passar, melhorar, estabilizar...

Tudo que quero nesse ano novo é que eu me sinta feliz por cada sacrifício que eu fizer por ele, nesse 11 meses não me arrependo de nenhum sacrifício, sei que um dia olharei para tudo o que vivi e falarei com orgulho: VALEU A PENA!!!

Feliz 2013!!!



domingo, 30 de dezembro de 2012

RELATO DE AMAMENTAÇÃO - Eu não amamentei!

Minha gravidez sempre foi muito desejada, eu sonhava em ser mãe desde sempre, lutei muito para conseguir superar minha infertilidade, mas superei e quando finalmente olhei o exame de farmácia dando positivo, a alegria tomou conta de mim.
Como toda mãe de primeira viagem tive muitas dúvidas, incertezas, inseguranças, mas de uma coisa eu nunca tive dúvida, da importância da amamentação para o meu filho, e já tinha decidido, iria amamentar meu filho exclusivo e em livre demanda até os 6 meses, e depois o amamentaria até quando ele quisesse.
Mas...                                                                                                
Amamentei meu filho apenas 15 dias.
Pedro nasceu de parto cesáreo (culpa de uma escolha errada) com 39 semanas, era uma quinta feira (02/02/2012) nasceu às 21h51, tudo tinha ocorrido como eu desejava até o momento em que ouvi o médico falar: Nossa como ele é pequeno! Só 2,400kg.
Minha família é craque em bebes pequenos, até aí tudo bem, ser pequeno não é tão ruim assim. 
Saí da sala de cirurgia e em menos de 2 horas estava no quarto recebendo o meu bebe, todo enrolado em cueiro, lindo como a lua, tão branquinho...
Nesse momento ninguém me falou que eu deveria coloca-lo no seio para estimular a sucção, simplesmente me deixaram com ele, eu ainda estava parcialmente anestesiada e tão cheia de emoção por ver meu filho pela primeira vez que não lembrei desse detalhe importante.
Levaram meu filho para o berçário, falaram para eu dormir um pouco que no dia seguinte eles trariam meu filho logo cedo para ficar comigo.
Eram 10h da manhã, todos os bebes já tinhas descido para suas mamães e o meu não vinha nunca, no lugar dele veio o pediatra, que falou q meu filho precisava ficar em observação pois estava nauseado, questionei o por que, queria entender o q estava acontecendo, mas ele não explicou, disse apenas que iria observar e depois falaria comigo.
E sexta-feira passou e nada do meu filho ficar comigo, ele desceu umas 2 vezes no dia por 10 minutos cada, só pra eu ver e pegar um pouco, por que o pediatra achava que ele estava com algum problema, mas não sabia explicar o por que de tanta náusea.
O meu leite não tinha descido, eu estava desesperada pra ficar com meu filho, meu médico não me atendia por que estava em cirurgia sempre que eu ligava pra ele, os médicos do hospital não queria me atender por que eu havia feito um plano totalmente particular, eu mãe de primeira viagem e meu marido que não sabia de nada sobre maternidade ficamos esperando sem nenhuma informação até sábado a tarde quando meu médico veio finalmente me ver e meu filho foi liberado.
Meu leite não tinha descido ainda, e eu achava que iria descer sozinho, o médico  me deu Plasil e ocitocina sintética pra usar 10 minutos antes de colocar o bebe no seio, quando coloquei meu filho pela primeira vez no meu seio, veio uma fonoaudióloga do hospital, olhou pra mim e disse, vc não tem bico precisa de um intermediário de silicone, vou mandar buscar. Quando o intermediário chegou, me ensinou usar, colocou meu filho no meu peito e disso: Pronto é isso.
Era sábado, 3h da tarde, quase 48 horas depois do parto.
Fiz o que me ensinaram, ele mamava, sugava um pouco e dormia, fui para casa no domingo com uma recomendação expressa do GO de comer muita canjica pra ter muito leite, segui a risca e foram 2 dias de canjica, que adoro, mas sempre me fez mal, meu filho começou a ter cólicas, super normal para um recém nascido, mas eu suspeitei q o leite da canjica estava dando gases em mim e nele, todo mundo dizendo que eu era louca, que não tinha nada nada disso, mas mesmo assim, eu decidi não tomar mais.
Nessa primeira semana, nos primeiros dias, além da cólica achava que o Pedro mamava demais, ficava 1h, 2 horas direto no peito, mas parecia que não estava satisfeito, eu sentia que tinha algo errado, mas não sabia o que era, então comecei a pirar, achando que eu não tinha leite, que ele sugava tanto por que não saia nada, todo mundo me dizendo que eu estava errada, que era assim mesmo, que o seio só produzia na hora q o bebe sugava, fui na GPM do face e postei uma dúvida, as meninas diziam que era normal, minha família dizia que era normal, e que eu estava entrando em depressão, não era normal nada, mas eu não sabia o que era.
No sábado meu marido comprou uma bombinha manual e eu comecei a estimular, além de não sair leite, machucou meu seio e eu fiquei dando mama só de um lado, passando leite no outro para cicatrizar mais rápido.
Comprou também uma lata de Nan, por que eu achava que o Pedro passava fome e não sabia o que fazer para sair mais leite, mesmo assim, lendo o que as meninas da GPM escreviam continuei a estimular e não dei o Nan.
Mas meu filho emagrecia a olhos visto, meu peito doía horrores, uma dor que eu chorava para amamentar,  já tinha 15 dias e nunca havia feito coco, só o mecômio que tinha saído no 4 dia, tinha algo de errado. Fui no pediatra com ele, o pediatra examinou e me mandou para o PS, com a alegação de que meu filho estava desidratado, era fevereiro, um sol de rachar, fui tranquila, achando q era normal, quando cheguei no hospital fizeram exames de sangue e urina, e diagnostico foi: Desnutrição grau II.
DESNUTRIÇÃO???
Pirei né? Meu bebe sugava, mamava a cada 2 horas, ficava no peito por uma hora e estava desnutrido? Alguém me explica por favor?
Dr. falando o tempo todo: Vc não tem leite, seu filho está com 1,8kg, vc não complementou? Manda descer uma mamadeira agora! Soro glicosado urgente! Não coloca no peito por que ele vai gastar energia sugando e a glicose está muito baixa, se vc tivesse deixado para vir amanhã seu filho teria entrado em choque...
Eu nem vi o dia passar, não comi, não liguei pra ninguém, e achava que se era desnutrição mesmo, iria resolver com o complemento, fazer o que, naquele momento era a vida do meu filho, contra tudo o que me falaram sobre amamentação, eu não tinha escolha, tinha que tira-lo da desnutrição.
Pedro ficou internado 2 dias, tomando mamadeira de 2 em 2 horas, nem se cogitou coloca-lo no peito, ele tinha que engordar urgente, era feito exame de glicose a cada 2 horas, como a glicose se estabilizou e ele ganhou 200g, recebemos alta e uma receita médica escrito: Nan, 30mL a cada 2 horas.
Saí do hospital sábado as 13h, cheguei em casa e dei a primeira mamadeira as 16h, vomitou na mesma hora, esperei um tempo e dei outra, vomitou outra vez e foi assim até as 22h, quando voltei para o hospital sem saber o q tinha acontecido.
Médicos sem saber o q fazer, vômitos em jatos, coloquei no peito pra ver se ele mamava, vomitou o leite do peito. 
Mais exames, Ultrasson da cabeça, da barriga, cirurgião veio ver, disse que uma válvula do estomago poderia estar fechada, coloca no peito pra ver, vomita o leite, dá mamadeira, vomita, coloca no soro, exames normais, não precisa operar, vem uma mamadeira de leite diferente a cada 2 horas, vomita, peito, vomita, de repente um milagre vem um leite que fica, ufa, leite milagroso, leite pra bebes pré-maturo, R$ 60,00 a lata, quem liga pro preço, quero meu filho bem.
Voltei pra casa 8 dias depois da primeira internação, ficamos no hospital com esse leite mágico sendo oferecido de 2 em 2 horas, só receberia alta quando chegasse a quase 3kg, engordava 90, 100g por dia, em casa mesmo esquema até chegar no peso ideal.
Chegou logo em 1 mês foram 2 kg.
Todo mundo em casa me estimulando bastante:  “eu amamentei, mas se fosse hoje eu daria só Nan, muito ruim amamentar”, “ Eu tinha tanto leite, que coloquei na mamadeira logo, por que ficava vazando e eu queria que secasse”.
Eu penando: Por que eu não tive leite???
Conversei com as meninas da GPM outra vez, relactação poderia ser a solução, vi o método, comprei o material e lá fui eu tentar, nossa, meu filho nunca chorou tanto, ficou nervoso, não conseguia sugar o peito, tentei com o intermediário, chorava mais ainda, eu chorava, ele gritava, e eu dei a mamadeira.
Tentei no dia seguinte, a mesma coisa, fui ficando nervosa e deprimida, mas eu tinha um filho pra cuidar, não tinha esse direito.
Todo mundo falando, como ele está ficando lindo agora que está gordinho, que bom que ele não entrou em choque, nossa que legal que no hospital experimentaram vários leites diferentes e agora seu filho está bem.
Eu ouvia tudo e guardava no meu coração, aquilo pra mim, ainda não era uma resposta, tinha algo errado, uma mulher não podia simplesmente não produzir leite, um bebe não podia vomitar o leite da mãe e aceitar uma fórmula artificial.
Comecei a pesquisar, e cheguei a conclusão de que meu filho teria alergia a leite ou intolerância a lactose, ele tinha 2 meses e meio já estava com 5,5kg, aparentemente estava bem, levei no pediatra e expus minha conclusão, o pediatra falou que não entendia nada de alergia e de intolerância, mas achava que eu poderia estar certa, disse que eu deveria procurar um gastro-pediatra e conversar com ele, mas que nessa idade o Pedro não deveria mais tomar leite pra pré-maturo, que iríamos trocar por um hidrolisado sem lactose, assim qualquer que fosse o problema, o novo leite iria resolver.
Marquei a consulta com o gastro para 15 dias, comprei o leite novo, Pedro tomou e ficou bem na primeira semana, na segunda, chorava sem parar, foi diminuindo as mamadas, começou ficar cheio de urticárias, e rouco, chegou na consulta com o gastro, que concluiu logo de cara: APLV (alergia a proteína do leite de vaca), vamos testar um hidrolisado mais forte e se não der certo, vai ter que tomar fórmula de aminoácidos.
Meu filho estava mal, conversei com as meninas da GPM, afinal agora eu tinha um diagnóstico, e sabia o que tinha q fazer: Dieta restritiva de leite e voltar a amamentar.
Eu sabia que existia um remédio para depressão que tinha como efeito colateral a produção de leite, se eu conseguisse voltar a produzir, eu tentaria de todas as formar a relactação, eu estava decidida, mas já tinha tentado uma vez e sabia que não conseguiria sozinha.
Eu sabia, que por mais forte que eu fosse, sozinha eu não iria conseguir, eu precisava de ajuda, conheci mulheres que tinham conseguido, que me ofereceram em empréstimo bombinhas elétricas.
Procurei o pediatra: Não aconselho, vai ser difícil para você e para ele.
Procurei o banco de leite: Vai demorar muito para produzir e quando vc conseguir ele nem vai querer mais mamar.
Falei com a família: Pra que isso? Ele está bem com a mamadeira.
E eu comecei a pirar, fiquei angustiada, estava sem dinheiro, por que precisei comprar a fórmula de aminoácidos que custava R$ 150,00 a lata e só durava 2 dias. Pensei em contratar uma consultora de amamentação, mas não tinha dinheiro, nem cabeça, quanto mais eu lia sobre a alergia, mais angustiada eu ficava.
Meu filho estava rouco, com chiadeira no peito, e o aminoácido parecia ser o milagre em forma de pó, fazendo ele melhorar cada dia mais.
Ninguém ao meu redor me apoiava, e eu desisti...
Acho que tinha q ser assim...
Mas talvez essa história tivesse outro final:
 Teria se eu tivesse mais apoio, da família, dos amigos dos médicos.
Teria se os médicos não tivessem dado LA para o meu filho.
Hoje eu sei o que eram as náuseas: Resultado do LV dado logo ao nascer.
Sei também que as cólicas e o mamar  sem parar, era resultado de uma inflamação causada pela alergia.
Sei que o refluxo, nada mais era do que resultado de um organismo sensibilizado por um leite que nunca vai chegar aos pés do meu, e que por isso meu filho não mamava o suficiente, por que sentia dor.
Eu tinha leite, meu corpo estava produzindo o quando ele sugava, mas com a dor, ele sugava só o suficiente para sobreviver, e mesmo assim quase morreu.
Hoje eu sei que a alergia é um fato na minha vida, se Deus me permitir outros filhos a chance de serem alérgicos é de 80%, então o parto vai ser diferente, não vai ser agendado, vou lutar por um VBAC, vou fazer dieta de leite antes do Bebê nascer, não vou comer canjica e nem nada que tenha leite, vou estimular o seio, vou esperar meu corpo se encher de ocitocina natural, vou amamentar meu próximo filho sem parar, ele vai ficar comigo 100% do tempo depois de nascer, eu vou gritar e brigar, mas não vou deixar que aconteça com ele o que aconteceu com o irmão mais velho.
E vou ler mais, cada dia mais vou me apoderar mais do meu corpo, da minha vida e da minha alma de mãe e mulher!